quinta-feira, 17 de junho de 2010

Tempus fugit

Este espaço destina-se a guardar fragmentos, fragmentos de memórias quase esquecidas...
O objetivo deste blog, a priori, será o de funcionar como uma espécie de extensão do meu projeto de pesquisa, que tem como foco questões sobre envelhecimento, imagem e relações com os lugares. Aqui, colocarei lembranças das histórias de vida  - suscitadas a partir de conversas e imagens - de algumas pessoas com quem venho conversando. Irá tratar sobre coisas simples, mas intensas, trajetórias de vidas, tão importantes para a consituição dos sujeitos enquanto seres contidos no mundo. E quanto a esta simplicidade, muito bem nos fala Rubem Alves...


COISAS SIMPLES QUE COMOVEM:  Coisas extremamente simples acham um lugar imortal no coração. Há dias, conversando com os meus filhos, encontrei-me com elas, as coisas simples. O Sérgio me contou sobre quando ele era menino, tempo em que eu ainda fumava cachimbo. “Você viajava, eu ficava com saudade. Ia para o seu escritório que estava impregnado com o cheiro bom de fumo de cachimbo, perfumado. Era o meu jeito de matar a minha saudade...” O Marcos, por sua vez, me lembrou um incidente muito engraçado. Eu e ele estávamos no banco. Eu preenchia as guias de depósito, distraído. Enquanto isso ele examinava os cheques, sem que eu percebesse. Aí ele notou que as assinaturas estavam muito feias ( eram cheques de uma outra pessoa) e  se prontificou a me ajudar, melhorando-as. Pegou uma caneta e mãos à obra. Quando percebi já era tarde demais. Não sabia se ria, se chorava, se ficava bravo... Felizmente o gerente foi compreensivo e tudo terminou bem. Isso é uma das delícias de conversar com os filhos. A conversa é um ritual mágico que ressuscita memórias há muito enterradas. (Rubem Alves, Quarto de Badulaque L, IN http://www.rubemalves.com.br/quartodebadulaquesL.htm)

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