sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Vale, o homem e seus pertences

Conferindo e respondendo e-mails e ao fundo a televisão ligada, sintonizada no canal SESC TV.
Começa o programa 'Documentários" e inicia um documentário muito bacana...

"Vale, o homem e seus pertences"

Resultado de um trabalho final de graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (FAU/USP), o documentário Vale, o Homem, Seus Pertences relata as mudanças ocorridas a partir de 1970, com a produção, circulação e o consumo do artesanato das principais comunidades rurais, como as do Vale do Jequitinhonha e Norte de Minas Gerais. Produzido pelo STV em co-produção com a produtora paulista Comunicação Criativa, o episódio traz o depoimento de artesãos e da escritora e pesquisadora Lélia Coelho Frota. O programa é baseado em uma pesquisa realizada entre 1999 e 2001 no espaço da FAU, com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

Para quem se interessar e quiser conferir, está sendo veiculado no canal sesctv nos dias e horários:
(maiores informações pelo site www.sesctv.org.br)
02/09/2010 : 06h00 : quinta-feira
02/09/2010 : 14h00 : quinta-feira
03/09/2010 : 08h00 : sexta-feira
03/09/2010 : 12h00 : sexta-feira
05/09/2010 : 08h00 : domingo
21/09/2010 : 06h00 : terça-feira
21/09/2010 : 14h00 : terça-feira
22/09/2010 : 08h00 : quarta-feira
22/09/2010 : 12h00 : quarta-feira
25/09/2010 : 09h00 : sábado

Sobre o programa "Documentários": Programa que se diferencia de seus similares na plasticidade, qualidade de imagens e tratamento de conteúdo. A série Documentário preserva valores culturais por meio da narrativa de histórias e do resgate de memórias que valorizam os personagens.

Recomendo!!!!!!!!!!

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Conversas

 A conversa é um ritual mágico que ressuscita memórias há muito enterradas..
                                                                           ("Re-citando" Rubem Alves no primeiro post do blog!!)

Claude Monet. A primavera. 1886.


O que é uma conversa?
Geralmente para que ela exista é necessário no mínimo dois seres humanos que dialoguem.
Pelo definição do dicionário, conversa pode significar 'falar, discorrer, palestrar'.
Mas uma conversa, em um sentido mais restrito, é muito mais do que esta definição.
Conversa é troca. Compartilhamento.
Geralmente, uma conversa é rica em histórias.
E quantas histórias já conheci na parada do ônibus! Através de uma conversa.
Não conheço o sujeito, mas conheço um pouco da sua história...
Aninha* vai ganhar um carro do pai dela. Trabalha no hospital durante a noite e é formada em enfermagem. Agora faz um curso de especialização e comprou um apartamento... com a ajuda do pai também. Dona Cínta* não gostou da integração, agora ela tem que pegar três ônibus porque mora na Barra e tem que levar os filhos para a escola, que fica na cidade nova. Gustavo* adora gatos mas não pode adotar um porque o vizinho tem um cachorro muito brabo que geralmente fica solto e já matou outros gatos da vizinhança. Além disso, o filho dele tem alergia.. mas ele pretende se mudar e o menino logo fará um tratamento.. em breve poderá brincar com o gatinho.
Dona Valentina* é filha de árabes e nasceu no Brasil. O 'papai' não deixou que estudasse, depois o marido.. Viveu a juventude numa época em que a mulher não podia votar. Criada para ser dona de casa e cuidar dos filhos. Hoje, abandonada pelos filhos no asilo, lamenta ter perdido esta oportunidade. "A terra nos cria, a terra nos come."
Essas são algumas histórias que escutei através de conversas.
Conversas não são vazias...
E a ausência de conversa? Esta se manifesta desta forma: "E o tempo? Será que vai chover"
Sempre há uma troca, nem que seja energética.
Às vezes há empatia, outras vezes não..
E as vezes que conversamos pela primeira vez e sentimos já ter feito história com este indivíduo?
Conversas.. sempre reveladoras conversas!

sábado, 21 de agosto de 2010

Conte sua história



Mamã Papá
Pato Fu
Composição: Rubinho Troll / John Ulhoa / Fernanda Takai

Conte sua história
Pois sua memória
Pode um dia se apagar
Não faça segredo
Não, não tenha medo
Estou aqui pra te escutar
Mamã Papá
Quem já tem neném
Sabe muito bem
Tem história pra contar
Ele já cresceu
Mas nunca se esqueceu do amor
Que havia em seu olhar
Mamã Papá
Quando seu corpinho se mexe na barriga
É só um toquinho
Mas transforma sua vida
Conte sua história
Pois sua memória
Pode um dia se apagar
Não faça segredo
Não, não tenha medo
Estou aqui pra te escutar
Mamã Papá

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Fruto do amor transcendente



Para o meu pai, Eroci Cadaval. 
Para a minha mãe, Maria Emília de Souza Cadaval.

O que me compõe é tudo o que a minha alma já viveu*.
Aquilo que aprendi. Aquilo que vivenciei.
Parte de mim é morada. Outra parte, vida.
Um pouco sou da natureza. Outro pouco de mim, de ti e dos outros.
Sou moléculas, átomos e células.
Sou pele, veias e carne.
Sou sangue.
Mais que tudo isso, sou vibração, tempo.
Uma energia pulsante que transforma.
Que quer transformar, libertar.
Sou parte de ti, és parte de mim.
Cada palavra que ecoa em minha alma.
És verdade, és amor.
És tudo aquilo que se manifesta puro.
Uma árvore, uma figueira.
Água, luz e vida. Fruto e semente.
Tudo aquilo que transcende.
Ela é aquilo que brilha, oscila e encanta.
Aquilo que de mais belo existe.
União desta pureza com este brilho, sou eu.
Vida, pulsante.
Luz, espírito.
O resumo do amor.
Sou o fruto do amor transcendente.

*frase extraída do poema "O que me compõe" de Carolina Salcides

Roberta de Souza Cadaval.

16 de agosto de 2010
14h22m

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Sobre as coisas simples

Porto Alegre, 28 de junho - 22h45min

Sabe quais são as coisas simples de que falo?
ver, o tocar, o escutar, o aprender, o sentir.. e o perceber.
É impressionante o quanto podemos aprender através das coisas mais simples.
Um valor. Uma cultura.
É impressionante a forma como isso pode nos afetar.
Causar emoção, trazer lágrimas aos olhos.
Vim para Porto Alegre para participar do 'I Fórum Internacional sobre a temática Indígena'.
Hoje houve uma mesa redonda com quatro indígenas - e estes... fizeram brotar lágrimas.
Uma fala pausada, tranquila, tão bacana de escutar.
Outro ritmo.
Contrário da esquizofrenia presente na sociedade contemporânea.
Primeiro, porque temos tempo - falta de - ?
Mal começou já tem de terminar?
Eles não nos entendem... mas de fato, alguma vez paramos para refletir sobre isso?
E nós, conseguimos entendê-los?
Exercício de relativização...
Tudo foi muito bacana, os relatos dos indígenas, as palestras (em especial a da Márcia Bezerra!), mas o que mais me provocou hoje foram as falas de dois dos indígenas que palestraram, Claudine e o Cacique. Eles falaram dos velhos. Dos seus velhos. Para eles, os velhos são uma biblioteca, são eles quem guardam suas tradições... na memória. A forma de consulta? Através dos relatos, das conversas... sem hora para acabar!
Para conseguirem viver no caos das cidades, eles consultam 'seus' velhos... e só assim conseguem 'manter o foco'.
Temos muito o que aprender com eles, principalmente sobre a forma como referem-se àos mais velhos da aldeia.
Isso me faz pensar sobre o que fazemos com 'os nossos' velhos... coisificando-os. 
Deixo aqui um convite à reflexão, sobre como nos relacionamos com o mundo, com as coisas e com as pessoas a nossa volta...

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Tempus fugit

Este espaço destina-se a guardar fragmentos, fragmentos de memórias quase esquecidas...
O objetivo deste blog, a priori, será o de funcionar como uma espécie de extensão do meu projeto de pesquisa, que tem como foco questões sobre envelhecimento, imagem e relações com os lugares. Aqui, colocarei lembranças das histórias de vida  - suscitadas a partir de conversas e imagens - de algumas pessoas com quem venho conversando. Irá tratar sobre coisas simples, mas intensas, trajetórias de vidas, tão importantes para a consituição dos sujeitos enquanto seres contidos no mundo. E quanto a esta simplicidade, muito bem nos fala Rubem Alves...


COISAS SIMPLES QUE COMOVEM:  Coisas extremamente simples acham um lugar imortal no coração. Há dias, conversando com os meus filhos, encontrei-me com elas, as coisas simples. O Sérgio me contou sobre quando ele era menino, tempo em que eu ainda fumava cachimbo. “Você viajava, eu ficava com saudade. Ia para o seu escritório que estava impregnado com o cheiro bom de fumo de cachimbo, perfumado. Era o meu jeito de matar a minha saudade...” O Marcos, por sua vez, me lembrou um incidente muito engraçado. Eu e ele estávamos no banco. Eu preenchia as guias de depósito, distraído. Enquanto isso ele examinava os cheques, sem que eu percebesse. Aí ele notou que as assinaturas estavam muito feias ( eram cheques de uma outra pessoa) e  se prontificou a me ajudar, melhorando-as. Pegou uma caneta e mãos à obra. Quando percebi já era tarde demais. Não sabia se ria, se chorava, se ficava bravo... Felizmente o gerente foi compreensivo e tudo terminou bem. Isso é uma das delícias de conversar com os filhos. A conversa é um ritual mágico que ressuscita memórias há muito enterradas. (Rubem Alves, Quarto de Badulaque L, IN http://www.rubemalves.com.br/quartodebadulaquesL.htm)